O Mendigo


Um dos maiores problemas da sociedade é, sem dúvida, a mendicância. Já é um quadro comum a presença do mendigo às portas das igrejas, nas calçadas e nos diversos locais por onde transitamos.
Fisionomia esquálida, roupas rasgadas e sujas, ou seminu, descalço, é o retrato fiel da miséria, da fome que lhe corrói as entranhas, dando-lhe o aspecto de aparvalhado, quando não, de subserviente submissão.
Todavia, se no corre-corre do dia-a-dia pudéssemos parar um pouco, não somente para dar alguns trocados, naquela mão calosa, sempre estendida, mas para observar a fisionomia extremamente triste, fitar seus olhos – espelhos d’alma – leríamos neles a mensagem de alguém para quem a palavra “futuro” não existe; de alguém que renunciou ao direito inalienável de todo ser humano: Viver (no sentido pleno da palavra), pois lhe falta o essencial: a Fé.
E a mendicância, problema social do passado, continua sendo no presente e, quiçá, no futuro, se o governo, a sociedade não se conscientizarem da necessidade de curar, cicatrizar estas chagas ambulantes da nossa sociedade.

Universidade Federal da Paraíba
João Pessoas, 14 de setembro de 1977.
Eliza Teixeira de Andrade


Obs: Transcorridos 32 anos, dou-me conta que estamos no futuro... Todavia, infelizmente, nada mudou!